Doenças Neurodegenerativas

Inflamação é o processo comum em todas as doenças neurodegenerativas (doenças que por determinado motivo, literalmente destroem os neurónios - células responsáveis pelas funções do cérebro. Quando essas células são destruídas, gradualmente o doente vai perdendo as funções motoras, fisiológicas e psicológicas) onde as funções dos neurónios no sistema nervoso central são primeiramente afectadas e posteriormente destruídas.Todas as doenças que iremos abordar tem como principal anomalia a destruição das células cerebrais. Na grande maioria dos casos, os factores que poderão desencadear o aparecimento destas doenças ainda são desconhecidos. Estima-se que um grande número de doenças nerodegenerativas esteja associado a transmissão genética, no entanto, muitas ocorrem em casos isolados de uma família.

sábado

Voltas trocadas


Além da memória, também a capacidade de localização no tempo e no espaço e afectada. E, de um dia para o outro, os doentes deixam de conseguir encontrar caminhos. Perdem-se na própria casa, na vizinhança. E desenvolvem comportamentos estranhos como a deambulação errática.
O risco de desaparecerem ou de terem a vida em perigo é, pois, elevado, mas pode ser minimizado. Assim, os doentes devem andar sempre identificados, os vizinhos e comerciantes próximos devem ter conhecimento do seu estado, a possibilidade de saírem de casa sozinhos deve ser reduzida.
A confusão não afecta apenas os passos dos doentes: eles escondem objectos e depois esquecem-se de onde os deixaram, comportam-se como se estivessem sempre à procura de alguém ou de algo.
Em qualquer uma destas circunstâncias carecem de ajuda: para voltar a casa ou para encontrar o que perderam. Mas, por mais difícil que seja, há que resistir à tentação de os recriminar: fazê-lo aumenta a insegurança e pode estimular a agressividade.
A agressividade espreita nestes doentes, o que é, desde logo, explicado pelo facto de não reconhecerem a nova realidade nem saberem lidar com ela. Não ser capaz de realizar tarefas banais e rotineiras, não conseguir identificar pessoas e lugares, não se recordar de acontecimentos e rostos familiares, ter dificuldade em comunicar é, afinal, razão mais do que suficiente para que os doentes de Alzheimer se sintam confusos, frustrados, reagindo com oscilações do humor, instabilidade e agressividade.
É um tumulto de emoções ao assalto dos doentes e dos cuidadores, para quem o Alzheimer é um fardo muito pesado.
Também eles precisam, pois, de ajuda.

Não confundir!


Existem outras doenças que podem produzir sintomas semelhantes aos da esclerose múltipla, são elas:

-> Infecções virais ou bacterianas do cérebro (doença de Lyme, SIDA, sífilis)

-> Anomalias estruturais da base do crânio e da coluna (artrose grave do pescoço, hérnia discal)

-> Tumores ou quistos no cérebro e da medula espinhal (siringomielia)

-> Degenerescência espinocerebelosa e ataxias hereditárias (perturbações em que a acção dos músculos é irregular ou actuam de forma descoordenada)

-> Ictoas pequenos (especialmente em pessoas com diabetes ou hipertensão que são propensas a tais ictos)

-> Esclerose lateral amiotrófica (doença de Lou Gehrig)
Inflamação dos vasos sanguíneos do cérebro ou da medula espinhal (lúpus, arterite)

sexta-feira

Esquecimentos e esquecimentos...


É normal que a idade afecte a memória, mas os esquecimentos próprios da doença de Alzheimer são de outra natureza. Distingui-los é útil para agir o mais precocemente possível. Assim:

• Um idoso pode ter dificuldade em lembrar-se de parte de um episódio, enquanto um doente de Alzheimer esquece acontecimentos e experiências na totalidade;

• Um idoso acaba por recordar-se mais tarde, um doente de Alzheimer não;

• Um idoso mantém a capacidade de seguir indicações, verbais ou escritas, mas um doente de Alzheimer não;

• Um idoso consegue usar notas, enquanto um doente de Alzheimer tem cada vez mais dificuldades em fazê-lo;

• Um idoso mantém geralmente a autonomia, mas um doente de Alzheimer vai ficando incapaz de tomar conta de si próprio.

quinta-feira

Alimentação esquecida...


A alimentação é, com frequência, negligenciada, com o estado nutricional dos doentes a ficar fragilizada à medida que a doença avança. No início, tanto pode haver recusa dos alimentos como esquecimento. Também pode acontecer o contrário: uma compulsão para comer, que conduz a um aumento temporário de peso. O mais comum é, no entanto, que haja perda de quilos.
Numa fase intermédia da doença, já não é a memória que interfere com a alimentação, mas sim a menor capacidade de concentração, de comunicação e de coordenação motora. Os doentes abandonam a rotina das refeições, o que, mais uma vez, se reflecte no peso, com a agravante de, nesta altura, haver uma maior necessidade calórica devido às deambulações erráticas.
Já na fase mais avançada da doença, os doentes tendem a comer compulsivamente e a ingerir objectos não comestíveis, ao mesmo tempo que assistem a uma regressão no comportamento alimentar: tal como uma criança, não conseguem comer sozinhos porque não sabem o que fazer com os alimentos, seja no prato, seja na boca, nem sabem usar os talheres. O risco de desidratação e desnutrição é elevado.
Nesta fase é indispensável a intervenção do cuidador: para adaptar as refeições ao doente, para prevenir os acidentes, para criar um ambiente propício e garantir um adequado estado nutricional.

quarta-feira

Dar a volta ao problema


Na ausência de cura, o tratamento é orientado para os sintomas, procurando melhorar a qualidade de vida.
Desse percurso faz parte uma dupla abordagem: farmacológica e não farmacológica. No campo nos medicamentos são utilizados fármacos sintomáticos e os chamados fármacos de nova geração. Os primeiros dirigem-se, como se depreende do nome, ao alívio dos sintomas mais incómodos da doença, deles fazendo parte os anti-depressivos, os neurolépicos, os ansíoliticos e os tranquilizantes, entre outros.
São medicamentos que actuam sobre a agressividade e a insónia, por exemplo, visando estabilizar o comportamento dos doentes. Já os medicamentos da nova geração actuam a nível cognitivo, nos domínios da memória e da concentração, existindo duas categorias distintas indicadas para a fase inicial a moderada da doença e para a fase moderada a grave. O tratamento não se esgota nesta vertente, com os doentes de Alzheimer a beneficiarem de intervenções comportamentais. Uma das terapêuticas visa orientar para a realidade, apoiando o conhecimento e desempenho no ambiente que os rodeia. Outra das alternativas é a terapêutica de validação, que envolve o reconhecimento e reforço dos sentimentos subjectivos dos doentes. Em ambas a comunicação é uma ferramenta valiosa. Os doentes de Alzheimer vivem num mundo só seu, em que as pessoas, os objectos, o espaço e o tempo perdem significado. As capacidades e as competências vão sendo afectadas e gestos tão banais como tomar banho ou comer deixam de ter sentido. Em consequência, é grande o risco de abandono das funções básicas da sobrevivência.